Donnerstag, 29. Mai 2008

Πίνδαρος


... Um grande risco não arrasta
um homem cobarde. Para quem tem de morrer,
porque há de consumir em vão, sentado à sombra,
uma velhice apagada,
sem provar quanto há de belo?


Olímpicas, I, 81-84
Píndaro (tradução de Maria Helena da Rocha Pereira)



Confúcio

Our greatest glory is not in never falling, but in rising every time we fall.

- Confúcio

Sonntag, 25. Mai 2008

Excerto de "Zadig" de Voltaire

[nos capítulos anteriores, a figura principal, Zadig, é feito escravo de Setoc, o pagão, que começa agora compreender que o seu escravo babilónio é sábio e profético...]

Setoc, encantado, fez do escravo seu amigo íntimo. Tal como o rei de Babilônia, não podia passar sem
êle, e Zadig felicitava-se de que Setoc não tivesse mulher. Reconhecia no seu amo um natural pendor
para o bem, muita retidão e bom senso. Doeu-lhe comprovar que êste adorava o exército celeste, isto é, o
sol, a lua e as estrêlas, conforme o antigo costume árabe. E a isso se referia às vêzes muito discretamente.
Afinal lhe disse que eram corpos como os outros e que não mereciam as suas homenagens, mais que uma
árvore ou um rochedo quaisquer.
- Mas - retrucava Setoc, - trata-se de sêres eternos de que auferimos todos os benefícios; animam a
natureza; regulam as estações; e estão aliás tão longe de nós que é impossível deixar de venerá-los.
- Mais benefícios respondeu Zadig - recebe o senhor das águas do Mar Vermelho, que lhe transportam as
mercadorias para a Índia. Por que não há de ser êle tão antigo como as estrêlas? E se o caso é adorar o
que se acha afastado, devia então o amo adorar a terra dos gangáridas, que fica nos limites do mundo.
- Não - dizia Setoc, - as estrêlas são muito brilhantes para que eu não as adore.
Quando anoiteceu, Zadig acendeu inúmeras velas na tenda onde devia cear com Setoc, e logo que êste
apareceu, lançou-se ao pé daquelas ceras alumiadas, e exclamou: "Eternas e brilhantes luzes, sêde-me
propícias para sempre." Dito isto, sentou-se à mesa sem olhar para Setoc.
- Que fazes? - perguntou Setoc, espantado.
- Faço como o meu amo; adoro essas luzes e negligencio aquele que é senhor delas, e meu senhor.

Um dos meus livros preferidos

E foi assim que, nessa noite, adormeci deitado na areia, a milhares de milhas de qualquer local habitado. Sentia-me mais isolado do que um náufrago numa jangada no meio do oceano. Podem, portanto, imaginar qual não foi a minha surpresa quando, ao nascer do dia, fui acordado por uma vozinha que dizia:
-Se faz favor... desenha-me uma ovelha!-O quê?-Desenha-me uma ovelha...
Pus-me de pé de um salto, como se tivesse sido atingido por um raio. Esfreguei os olhos energicamente. Olhei com toda a atenção. E vi um menino verdadeiramente espantoso, que me observava com um ar muito sério…

Aforismo

"A vida é breve, a arte é longa"

-Hipócrates

Montag, 19. Mai 2008

Tao Te King - Lao Tse

XXII
curvando então fica inteiro
retorcendo então fica direito
esvaziando então fica pleno
desgastando então fica novo
sendo pouco então é obtido
sendo demais então é perturbador
assim
o homem santo abraçando o uno
torna-se modelo sob o céu
não se exibindo então brilha
não se afirmando então figura
não se vangloriando então tem mérito
não se enaltecendo então perdura
só por não disputar
sob o céu ninguém pode com ele disputar
o adágio antigo: "curvando então fica inteiro"
como pode ser palavra vazia?
em verdade integra nele reintegrando



Livro do Tao

O Rei de Thule (Goethe)

Es war einst ein König in Thule,
Gar treu bis an das Grab,
Dem sterbend seine Buhle
einen goldnen Becher gab.

Es ging ihm nichts darüber,
Er leert' ihn jeden Schmaus;
Die Augen gingen ihm über,
So oft trank er daraus.

Und als er kam zu sterben,
Zählt' er seine Städt' im Reich,
Gönnt' alles seinen Erben,
Den Becher nicht zugleich.

Er saß beim Königsmahle,
Die Ritter um ihn her,
Auf hohem Vätersaale
Dort auf dem Schloß am Meer.

Dort stand der alte Zecher,
Trank letzte Lebensglut
Und warf den heil'gen Becher
Hinunter in die Flut.

Er sah ihn stürzen, trinken
Und sinken tief ins Meer.
Die Augen täten ihm sinken,
Trank nie einen Tropfen mehr.

(tradução de Mário de Sá-Carneiro)

Em Thule outrora reinou
Um rei fiel e constante
Ao qual moribunda a amante
Um copo d'ouro deixou.

Quando o rei [d]ele bebia
Todos os dias à mesa;
Cheio de dor e tristeza
Em pranto se desfazia.

Ao sentir chegar a morte
Reuniu na mesma sala
Em um banquete de gala
Toda inteira a sua corte.

Fora nesse mesmo dia
Que o seu herdeiro chamara,
O rei, ao qual deixara
Os bens, todos que havia.

Porém o copo adorado
D'amor tão doce lembrança
Não fez parte da herança,
Tinha-o ele separado!

O mar ficava fronteiro
À sala em que se jantava
Diante do rei la estava
O seu fiel companheiro.

De beber tendo acabado
Ergue o seu braço tremente...
E ao mar rapidamente
Por ele o copo é lançado!

Mas quando desaparecia
Quando já tocava o fundo
Deixava o bom rei o mundo,
Cerrando os olhos morria.