Donnerstag, 23. September 2010

Verdade Universal e Insana n.º 4


Verdade Universal e Insana n.º 4:

«Os cães são como lobos sem pinta»

Pensem em lobos maus. Por piores que sejam, terão de admitir isto: São maus em conjunto, vivem em estruturas organizadas, cultivam valores de força e protecção da comunidade. Correm e caçam livres, são corajosos, e a sua crueldade valeu-lhes a sua elevação a pequenos deuses da noite e da guerra.

Pensem agora em cães patetas. Poderá alguma criatura ser mais patética que um cão? vemos neles lealdade, mas na verdade são apenas servis; chocam contra coisas; e agitam alegremente a cauda como se fosse o estandarte da sua estupidez. São ciumentos. Ladram de medo quando se deparam com coisas que lhes são desconhecidas. Em suma, as piores características dos cães são as piores características do Homem. Não admira que sejam melhores amigos.
Somos todos patetas. Mas estranhamente encantadores.

Donnerstag, 16. September 2010

Jerusalem


And did those feet in ancient time.
Walk upon Englands mountains green:
And was the holy Lamb of God,
On Englands pleasant pastures seen!

And did the Countenance Divine,
Shine forth upon our clouded hills?
And was Jerusalem builded here,
Among these dark Satanic Mills?

Bring me my Bow of burning gold;
Bring me my Arrows of desire:
Bring me my Spear: O clouds unfold!
Bring me my Chariot of fire!

I will not cease from Mental Fight,
Nor shall my Sword sleep in my hand:
Till we have built Jerusalem,
In Englands green & pleasant Land.

William Blake

Donnerstag, 9. September 2010

O Rouxinol e a Pomba


No topo de um dragoeiro, um rouxinol cantava à pomba dos seus olhos:

«Toda a minha canção é para ti,
com ela quebro o silêncio gélido das noites
com ela saúdo o brilho dos teus dias.
Noite e dia e dia e noite
Toda a minha canção é só para ti, Pomba.

Porque me trouxeste paz, e as palavras da minha voz,
Porque me fizeste ver a beleza de todas as coisas,
Porque enfrentaste tempestades na madrugada dura só para voares para mim,
Porque mostras compaixão quando as canções são desafinadas, tristes e irrequietas,
Porque nasceste para nos mostrar que uma pomba traz sempre paz, bondade e beleza a todos que a vejam voar livre.
Por isto tudo, Pomba, e por mais que possas imaginar,
A minha canção é tua, e só tua.

E hei-de aguentar-nos nas tempestades de madrugadas duras, e hei-de te proteger e coroar-te com flores de cerejeira e retribuir-te a bondade, mesmo que não nos compreendam.
Mas daqui não saio. E a ti, não te deixo.»

E a pomba cantou, respondendo ao rouxinol,

«E eu oiço a tua canção,
Quando a lua transforma o meu branco em prata,
Quando a luz do dia me coroa,
Dia e noite e noite e dia
Só oiço a tua canção.

Porque se a todos trago paz, em ti encontro a minha,
Porque me fizeste ver a vida de todas as coisas,
Porque quando vôo para ti, vôo livre, e sou feliz quando poiso,
Porque consigo ouvir para além das canções desafinadas e tristes, e ver horizontes de melodias alegres,
Por isto tudo, Rouxinol, e mais do que possas imaginar,
Apenas oiço a tua canção.

E hei-de a ouvir e sentar-me neste mesmo galho, sob o granizo e as mandíbulas do sol, cantando contigo,
venha o que vier.»

RSN

Mittwoch, 8. September 2010

Alva






Levade, amigo, que dormides as manhana frias;
tôdalas aves do mundo d'amor dizian:
leda mi and'eu.

Levade, amigo, que dormides las frias manhanas;
tôdalas aves do mundo d'amor cantavan:
leda mi and'eu.

Tôdalas aves do mundo d'amor dizian:
do meu amor e do vosso en mente haviam:
leda mi and'eu.

Tôdalas aves do mundo d'amor cantavan:
do meu amor e do vosso i emmentavan:
leda mi and'eu.

Do meu amor e do vosso en menta havian;
vós lhi tolheste os ramos en que siian:
leda mi and'eu.

Do meu amor e do vosso i emmentavan;
vós lhi tolheste os ramos en que pousavan:
leda mi and'eu.

Vós lhi tolheste os ramos en que siian
e lhis secastes as fontes en que bevian:
leda mi and'eu.

Vós lhi tolheste os ramos en que pousavan
e lhis secaste as fontes u se banhavan:
leda mi and'eu.


Nuno Fernandez Torneol