Montag, 21. Februar 2011

A Caverna


Todas as coisas são uma ilusão,
Pálidas e pétreas sombras de verdade,
Reflexos que dançam grotescamente
Pelas grutas vãs da nossa ignorância;
Pelas profundezas da ingenuidade.

Todas as coisas têm fugazes sombras:
Gémeas falsas - e idênticas, porém;
Cópias iguais - e por isso imperfeitas:
Pois tudo no mundo é sombra e tem sombra;
Cópia de engano é engano também.

FBB

Samstag, 19. Februar 2011

Cultura acessível a todos


O mundo que é a Internet está cada vez mais completo. Agora com o "Art Project", (um projecto da Google) qualquer pessoa, esteja ela onde estiver, tem a possibilidade de aceder às grandes Galerias de Arte do Mundo, com detalhes impressionantes e de forma gratuita.
Como poderão ver neste vídeo a ferramenta que nos permite "descobrir os mestres" é muito simples.

O nosso grande agradecimento e elogio às pessoas que trabalharam nesta extraordinária criação, que de alguma forma se tornou Obra de Arte, também. Nada substitui os originais, mas ainda assim: Que passo enorme na democratização do Conhecimento e da Cultura!

Um Bem Haja e Boas Visitas.

Figure de la Magnificence royale, de l'Immortalité et du Progrès dans les Beaux-Arts

1683

René Antoine Houasse

(Link com info e pormenor)

Do Mito e da História


Meus amigos,

ultimamente tenho reflectido sobre algo que uma vez ouvi sobre a origem do nome do nosso país, "Portugal" e sobre um mito em torno do selo real usado por D. Afonso Henriques. Foi aposto em documentos tão importantes como o da doação de Tomar à Ordem dos Templários.

De acordo com a teoria mais pacífica, o nome "Portugal" deriva da conjunção dos nomes antigos do Porto e de Gaia (Portus e Cale).

De acordo com uma curiosa teoria (que roça as teorias da conspiração dan-brown-escas), a escolha do nome para o reino estará ligada ao rumor medieval difundido na Península Ibérica da Reconquista de que o Santo Graal teria sido trazido para o seu Sul, para a região que então era conhecida por Al-Andalus, e lá estaria escondido.

Reparem bem no selo. "Rei Afonso"; "Com seus filhos"; e no centro, dependendo da ordem com que se ler as letras, o resultado tanto pode ser "Portugal" como "POR TU GRAL". O pequeno olho no centro tanto pode ser um "o" como apenas decorativo. Neste segundo caso, o "R" maiúsculo que surge em baixo parece estar um pouco fora do sítio.
Dada a devoção conhecida de D. Afonso I, o selo chegou a levantar dúvidas (e para alguns teóricos da conspiração, ainda levanta) sobre se o Reino se baseava nas cidades de Porto e Gaia (que, curiosamente, tinham pouca importância em comparação com, por exemplo, Coimbra, Guimarães e Lamego...) ou se o Reino se basearia na busca da Cristandade pelo paradeiro do Santo Graal.

Da minha parte, penso que é uma lenda bonita. Também temos direito a preservar este tipo de mitos improváveis e loucos; não acreditaram os Ingleses loucamente que Jesus teria visitado a sua terra, tanto que Blake dedicou a esse acontecimento um poema, "Jerusalem", que ainda hoje é considerado como o hino não oficial de Inglaterra? Não acreditaram os franceses que Joana D'Arc teria mesmo tido contacto com Arcanjo Miguel?

São loucuras destas que fazem de nós um povo; tradições e mistérios que fazem de nós uma cultura antiga; lendas que de nós fazem uma nação.

Donnerstag, 17. Februar 2011

Dienstag, 15. Februar 2011

O porvir de Portugal

Caro Ars Vitae,
Não podia deixar de partilhar conTigo este desabafo do Sr. Prof. Mendo Henriques:

Os cenários de transição na democracia portuguesa são:

Cenário 1. Continuidade da 3ª República , "o como está" com as reformas possíveis "gota a gota" permitidas pelos acordos entre partidos

Cenário 2. Uma 4ª República com um poder reforçado que é o do Presidente Executivo, o que exige dois partidos ou uma aliança presidencial, à norte americana, ou à francesa e nova triagem da luta partidária

Cenário 3. Uma 5ª Dinastia com um árbitro que é o rei, Dom Duarte de Bragança, com uma redistribuição de funções pelos três poderes e consequente selecção de minorias
para governação e para representação de interesses.

Cumprimentos saudosos,
de alguém que se preocupa com o estado da Nação e sente que há algo nela que requer mudança,
Hélder

Samstag, 5. Februar 2011

Mitologia judaico-cristã e greco-romana.




«O Senhor viu o quanto havia crescido a maldade dos homens na terra e como todos os projectos de seus corações tendiam unicamente para o mal. Então o Senhor arrependeu-se de ter feito o homem na terra e ficou com o coração magoado. E o Senhor disse: "vou extreminar da face da terra o homem que criei e com ele os animais, os répteis e até as aves do céu, pois estou arrependido de tê-los feito". (...) durante 40 dias o dilúvio se abateu durante a terra. As águas cresceram e ergueran a arca, que se elevou acima da terra. As águas tornaram-se violentas e aumentaram muito sobre a terra de modo que a arca começou a flutuar na superfície das águas. As águas cresceram tanto sobre a terra que cobriram as montanhas mais altas que estão debaixo do céu. (...) Pereceram todas as criaturas que se moviam na terra, tanto aves, como animais domésticos, como animais selvagens, enfim todos os seres que fervilham sobre a terra, e todos os homens.» (GEN., 6-7)



«Após a geração de prata [do Homem, que teve na mitologia greco-romana quatro eras, correspondentes ao seu valor e bondade: a geração de ouro inocente, de prata, menos valiosa, e...] seguiu-se a terceira, a de bronze, de índole mais feroz, mais pronta para as horrendas armas, mais ainda não criminosa. Esta última é a do duro ferro. De súbito, todo o acto nefando irrompe nesta idade de metal menos valioso. Fugiram o pudor, a sinceridade, a lealdade, e no lugar destes, sucederam-se-lhes o logro, a traição, e as insídias, e a violência, e a criminosa paixão por possuir. (...) Já nem apenas as searas e os alimentos devidos se exigiam ao rico solo, mas descem pelas entranhas da terra abaixo, desatam a escavar riquezas que aquela ocultara e movera para junto das sombras do Estígio, estímulos para o mal. Já o pernicioso ferro de lá surgira, e o ouro, mais pernicioso que o ferro. E surge a guera, que luta recorrendo a ambos, e, com mão ensanguentada, brande as estrepitosas armas. Vive-se na rapina. O hóspede não está a salvo do hospedeiro, nem o sogro do genro: até a afeição entre irmãos é rara. O homem maquina a morte da esposa, e esta a do marido. As aterradoras madrastas misturam amarelentos venenos. O filho, antes do tempo, inquire sobre a idade do pai (...)
Então Júpiter quebrou de novo o silêncio [na Assembleia dos Deuses] com tais dizeres: (...) "A má reputação desta época chegara-me aos ouvidos. Desejando que fosse falsa, deslizo do píncaro do Olimpo e percorro as terras, deus sob uma aparência humana. Longo seria enumerar quantas malfeitorias eu descobri por toda a parte: a verdade era pior que a má reputação. (...) Julgá-los-ias conjurados para o crime: todos devem sofrer, quanto antes, o castigo que merecem. É a minha sentença." (...) Este convoca os rios. Depois de eles entrarem no palácio do seu rei, diz: "não temos tempo a perder com longas exortações. Derramai as vossas forças, abri as vossas mansões e, removidas todas as represas, lançai à rédea solta as vossas torrentes cá para fora" (...) Os rios transbordam e desabam nas planícies abertas, e arrastam colheitas e árvores, animais e gentes (...) Já o mar e a terra não ofereciam qualquer distinção: tudo não era mais que mar, mar a que faltavam costas (...) Sob as águas, as Nereides vêem pasmadas bosques, cidades, casas; golfinhos ocupam florestas e chocam contra altas ramagens, embatem e abanam os carvalhos. Nada o lobo entre as ovelhas, a onda leva fulvos leões, tigres leva a onda; de nada vale a força das fulminantes presas ao javali, ou velozes pernas ao cervo arrastado. E, após longamente procurar terra onde pudesse pousar, a ave vagueante vai no mar com as asas exaustas. O desatino desmesurado do mar sepultara montanhas, e vagas inéditas embatiam nos píncaros das serranias.»
(Ovídio, Metamorfoses, Livro I, versos 125-312)

Gostava apenas de salientar um pormenor que acho muito interessante. Apesar da semelhança das descrições do castigo da humanidade por um dilúvio, Ovídio escreveu as Metamorfoses antes do ano 8 d.C., pelo que é improvável que alguma vez tenha tido contacto com as crenças hebraicas, então apenas situadas num cantinho do Império quase não romanizado. Quer porque a Palestina se situava muito longe de Roma e da Grécia onde viveu e viajou, quer porque antes do Cristianismo, as religiões monoteístas eram muito reservadas e não tinham pretensões de expansão, pelo que não havia implantação apreciável de uma cultura judaica/judaico-cristã em Roma.

Acho apenas interessante que esta noção de uma era de pecado passado longínqua seguida por uma punição por dilúvio seja comum, aparentemente, a várias culturas e religiões da Antiguidade que não contactaram quase nada entre si.

Donnerstag, 3. Februar 2011

Crónicas da vida Real



Não quero, de todo, perpetuar esta discussão;
mas pergunto-me se algum presidente faria tal...