Sonntag, 24. Januar 2010

Cântico dos Cânticos - V



«Baa'tí l'ganí achotí chalaah aarití morí im-beshamí.
Aakhaletí yarí im-divshí shaateytí yeyní im-chalaaví
Ichlú reyím shtu v'sichru dodím.»


«Entro no meu jardim, com minha irmã e minha amada - colho a mirra e o bálsamo que me pertencem
Saboreio o favo com meu mel - bebo meu vinho e meu leite
Comei ó companheiros - bebei e embriagai-vos, ó muito-amados!»




(lamento não ter encontrado o texto em caracteres hebraicos, teria sido interessante. Deixo, apenas, a transcrição imperfeita que os meus imperfeitos conhecimentos da língua de Moisés me permitem fornecer-vos)

Freitag, 22. Januar 2010

Canção de Gretchen (Gretchens Lied) - in Faust, de Goethe

Meine Ruh' ist hin,
Mein Herz ist schwer,
Ich finde sie nimmer
Und nimmermehr.

Wo ich ihn nicht hab
Ist mir das Grab,
Die ganze Welt
Ist mir vergällt.

Mein armer Kopf
Ist mir verrückt,
Mein armer Sinn
Ist mir zerstückt.

Meine Ruh' ist hin,
Mein Herz ist schwer,
Ich finde sie nimmer
Und nimmermehr.

Nach ihm nur schau ich
Zum Fenster hinaus,
Nach ihm nur geh ich
Aus dem Haus.

Sein hoher Gang,
Sein' edle Gestalt,
Seine Mundes Lächeln,
Seiner Augen Gewalt,

Und seiner Rede
Zauberfluß,
Sein Händedruck,
Und ach, sein Kuß!

Meine Ruh' ist hin,
Mein Herz ist schwer,
Ich finde sie nimmer
Und nimmermehr.

Mein Busen drängt sich
Nach ihm hin.
[Ach] dürft ich fassen
Und halten ihn,

Und küssen ihn,
So wie ich wollt,
An seinen Küssen
Vergehen sollt!

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My peace is gone,
My heart is heavy,
I will find it
never more.

Where I do not have him,
That is the grave,
The whole world
Is bitter to me.

My poor head
Is crazy to me,
My poor mind
Is torn apart.

My peace is gone,
My heart is heavy,
I will find it never
and never more.

For him only,
I look Out the window
Only for him do I go
Out of the house.

His tall walk,
His noble figure,
His mouth's smile,
His eyes' power,

And his mouth's
Magic flow,
His handclasp,
and ah! his kiss!

My peace is gone,
My heart is heavy,
I will find it never
and never more.

My bosom urges itself
toward him.
Ah, might I grasp
And hold him!

And kiss him,
As I would wish,
At his kisses
I should die!

J.W. Goethe

Dienstag, 19. Januar 2010

Ghazal 2039




Him - Go lay your head on your pillow, let me be alone
leave me laid waste to wander the night, afflicted
Me nd the waves of grief, alone, dusk to dawn
Come be kind if you will; go and be cruel, if you want.
Leave me, run, fast, or you'll fall likewise in affliction
Choose the more wholesome path and leave harm's way
Me and the puddle of my eyes, huddled in sorrow's corner
turning mill after mill after mill with my tears.

Her - "Impuden, brazen, he murders me, stony his heart
none dares demand money to atone my blood
The monarch of handsome faces is under no duty to be true..."
Him - Sallow-faced lover, be patient, be true
It is a pain cured only by dying
I cannot tell you ho to treat this pain...
Last night I dreamt I saw an old man in the street of love
he beckoned me with his hand, "come this way, to me"
If a dragon blocks the path, love works like an emerald
The glittering of the emerald will repulse the dragon...
Enough! I am senseless...Adicionar imagem


Jalal al-Din Bakhi (Rumi), 1207-1273
Tradução de Franklin Lewis.

Montag, 18. Januar 2010

Mais inconstitucionalidades!

Meus caros,

Como muitos saberão, a doação de sangue é vedada em Portugal a indivíduos que tenham tido relações sexuais com pessoas do mesmo sexo.

O pretexto dessa proibição talvez fizesse um mínimo de sentido nos anos 80' e início dos anos 90', em que, de facto, as comunidades homossexuais por todo o mundo foram a parte da população mais afectada pela epidemia.

Então, a prática de relações homoafectivas constituía, de facto, um eventual comportamento de risco.

Porém, há que ter em conta os dados de hoje: Como divulgou recentemente o Departamento de Doenças Infecciosas - Unidade de Referência e Vigilância Epidemiológica, neste momento, apenas 12,6% dos infectados com SIDA contrairam a doença por meio de relações homossexuais; enquanto que o TRIPLO - 36,4% - a contraiu por relações heterossexuais. O valor numérico mais significativo - 46,1% - é o dos que foram infectados por hábitos relacionados com a toxicodependência.

Tendo em conta os números, temos mesmo que nos perguntar se, hoje, práticas sexuais homoafectivas per se constituem um comportamento de risco; ou se, em bom rigor, são práticas sexuais - hetero ou homo - desprotegidas que constituem um comportamento de risco que parece ser obliterado pelos critérios de recolha de sangue.

A norma terá de ser ponderada. O contexto histórico em que foi aprovada já lá vai; e o facto de relações homossexuais não serem mais perigosas na propagação da SIDA do que as relações heterossexuais tem de ser considerado, na medida em que a norma já perdeu o sentido; e já não se justifica -se é que alguma vez se justificou - uma discriminação «positiva» em benefício do donatário de sangue, e desse modo há que concluir que o critério é irrelevante e desnecessário na distinção de doadores.

É certo que o artigo 18.º/2 da Constituição admite restrições a direitos fundamentais - como será dever de promover a saúde, que se deve interpretar como abarcando o direito a doar sangue, a meu ver - APENAS no sentido de proteger outros direitos e interesses constitucionalmente tutelado. Mas, como se viu, no contexto actual, excluir homossexuais da doação de sangue não é, de modo algum, um mecanismo seguro e eficaz, nem sequer racional, de evitar a propagação da SIDA.

E assim, sendo esse mesmo critério a orientação sexual dos doadores de sangue, a norma será inconstitucional por violação do princípio da igualdade - artigo 13.º/1 e 13.º/2 in fine (eu sei, aquela malta preconceituosa toda já sabe que o 13 é o número do seu azar ultimamente...), - bem como do dever fundamental à promoção da saúde - artigo 64.º/1, ambos da Constituição da República Portuguesa.

«Vor dem Gesetz» - «Diante da Lei»

Diante da Lei há um guarda. Um camponês apresenta-se diante deste guarda, e solicita que lhe permita entrar na Lei. Mas o guarda responde que por enquanto não pode deixá-lo entrar. O homem reflete, e pergunta se mais tarde o deixarão entrar. “É possível” , disse o porteiro, “mas não agora”. A porta que dá para a Lei está aberta, como de costume; quando o guarda se põe de lado, o homem inclina-se para espiar. O guarda vê isso, ri-se e lhe diz: “Se tão grande é o teu desejo, experimenta entrar apesar de minha proibição. Mas lembra-te de que sou poderoso. Eu sou somente o último dos guardas. Entre os salões também existem guardas, cada qual mais poderoso que o outro. Já o terceiro guarda é tão terrível que não posso suportar seu aspecto”. O camponês não havia previsto estas dificuldades; a Lei deveria ser sempre acessível para todos, pensa ele, mas ao observar o guarda, com seu abrigo de pele, seu nariz grande e como de águia, sua barba longa de tártaro, rala e negra, resolve que mais lhe convém esperar. O guarda dá-lhe um banquinho, e permite-lhe sentar-se a um lado da porta. Ali espera dias e anos. Tenta infinitas vezes entrar, e cansa ao guarda com suas súplicas. Com freqüência o guarda mantém com ele breves palestras, faz-lhe perguntas sobre seu país, e sobre muitas outras coisas; mas são perguntas indiferentes, como as dos grandes senhores, e para terminar, sempre lhe repete que ainda não pode deixá-lo entrar. O homem, que se abasteceu de muitas coisas para a viagem, sacrifica tudo, por mais valioso que seja, para subornar o guarda. Este aceita tudo, com efeito, mas lhe diz: “Aceito-o para que não julgues ter omitido algum esforço”. Durante esses longos anos, o homem observa quase continuamente o guarda: esquece-se dos outros, e parece-lhe que este é o único obstáculo que o separa da Lei. Maldiz sua má sorte, durante os primeiros anos temerariamente e em voz alta; mais tarde, à medida que envelhece, apenas murmura para si. Retorna à infância, e, como em sua longa contemplação do guarda, chegou a conhecer até as pulgas de seu abrigo de pele, também suplica às pulgas que o ajudem e convençam ao guarda. Finalmente, sua vista enfraquece-se, e já não sabe se realmente há menos luz, ou se apenas o enganam seus olhos. Mas em meio à obscuridade distingue um resplendor, que surge inextinguível da porta da Lei. Já lhe resta pouco tempo de vida. Antes de morrer, todas as experiências desses longos anos se confundem em sua mente em uma só pergunta, que até agora não formulou. Faz sinais ao guarda para que se aproxime, já que o rigor da morte endurece seu corpo. O guarda vê-se obrigado a baixar-se muito para falar com ele, porque a disparidade de estaturas entre ambos aumentou bastante com o tempo, para detrimento do camponês. “Que queres saber agora?”, pergunta o guarda. “És insaciável”. “Todos se esforçam para chegar à Lei”, diz o homem ; “como é possível então que durante tantos anos ninguém mais do que eu pretendesse entrar?”. O guarda compreende que o homem já está para morrer e, para que seus desfalecentes sentidos percebam suas palavras, diz-lhe junto ao ouvido com voz atroadora: “Ninguém podia pretender isso, porque esta entrada era somente para ti. Agora vou fechá-la”.



Franz Kafka

Donnerstag, 14. Januar 2010

Adopção por casais gay

http://www.youtube.com/watch?v=1o4YUY4feys

Quanto à adopção por casais homossexuais, é isto que tenho a dizer. Um vídeo muito bem feito.

Hallelujah

i heard there was a secret chord
that david played and it pleased the lord
but you don't really care for music, do you
well it goes like this the fourth, the fifth
the minor fall and the major lift
the baffled king composing hallelujah

hallelujah...

well your faith was strong but you needed proof
you saw her bathing on the roof
her beauty and the moonlight overthrew you
she tied you to her kitchen chair
she broke your throne and she cut your hair
and from your lips she drew the hallelujah

hallelujah...

baby i've been here before
i've seen this room and i've walked this floor
i used to live alone before i knew you
i've seen your flag on the marble arch
but love is not a victory march
it's a cold and it's a broken hallelujah

hallelujah...

well there was a time when you let me know
what's really going on below
but now you never show that to me do you
but remember when i moved in you
and the holy dove was moving too
and every breath we drew was hallelujah

well, maybe there's a god above
but all i've ever learned from love
was how to shoot somebody who outdrew you
it's not a cry that you hear at night
it's not somebody who's seen the light
it's a cold and it's a broken hallelujah

hallelujah...


http://www.youtube.com/watch?v=HKnxmkOAj88

Mittwoch, 13. Januar 2010

Introdução ao primeiro dos Livros Iluminados de Blake


«ALL RELIGIONS are ONE
The Voice of one crying in the Wilderness
»

Sir William Blake, in Os Sete Livros Iluminados

Sonntag, 10. Januar 2010

A Minha Homenagem à Coragem e Persistência da Comunidade Gay Portuguesa

À esquerda, Sócrates e seu amante Alcibíades.

São coisas que fazem parte da nossa cultura e da nossa civilização - mas foram esquecidas e enterradas pelo machismo de hombre latino dos romanos e cristãos.

Samstag, 9. Januar 2010


«Tu, deorum hominumque tyranne, Amor!


Quando o amor se dedica a um único ente, atinge então uma tal intensidade, um tal grau de paixão, que se não puder ser satisfeito, todos os bens do mundo, e a própria vida perdem o seu valor.»


Arthur Schoppenhauer

Sobre a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo no parlamento

A propósito deste assunto, que me diz menos respeito do que podem alguns julgar, tenho alguns pontos a apresentar na tentativa de clarificar algumas, na minha opinião, formas erradas de entender a questão bem como de refutar alguns argumentos fornecidos por aqueles que se opõem a esta realidade.

1. O casamento entre pessoas do mesmo sexo deve ser instituído pois não existe nada na sua definição que o impeça. Senão vejamos, o casamento é uma instituição entre duas pessoas que acedem a constituir uma entidade única do ponto de vista social e económico, sendo preferencialmente esta constituição do conjunto - casal - efectuada na base do entendimento mútuo, empatia, companheirismo e amor (sem contudo ser condição necessária). Esta definição de casamento ou de constituição de casal, que é de facto a existente na nossa sociedade actual, nada contempla sobre o sexo dos intervenientes e muito menos sobre o suposto objectivo da procriação (se fosse o caso não seria possível legalmente senhoras casarem após a menopausa ou teriam de ser feitos testes de fertilidade aos nubentes a priori apenas para dar um exemplo).
Neste contexto em que nada na idealização e estrutura da entidade "casamento" obriga à heterossexualidade do mesmo é claramente discriminatório que este seja vedado a pares do mesmo sexo, como seria sê-lo a pares inter-raciais ou a pares inférteis. Como tal, e no sentido quer da constituição portuguesa quer da declaração dos direitos humanos, urge ao legislador eliminar as fontes de discriminação sejam elas quais forem e mesmo contra a vontade da maioria, pois não se trata de uma questão política mas sim ética.

2. Até aqui sempre me referi de modo equivalente à constituição de um casal, ou de um par de pessoas no sentido supra indicado, como a um "casamento", muitos foram aqueles que defenderam que se deveria criar uma nova terminologia para o caso desta união de duas pessoas em casal se dar no caso homossexual. Ora acontece que essa sugestão é vazia de sentido, o que se pretendia era de certa forma alterar o conteúdo semântico da palavra «casamento» de forma a só poder abarcar o caso heterossexual e criar uma nova palavra ou expressão para o caso homossexual (fantástico como os políticos adoram inventar palavras eu ainda não esqueci as fantásticas "arruadas") ora esquecem que a língua e a conceptualização de um povo não está sujeito a nenhum nível de legislação (por mais que tentem), mesmo que fosse aceite dar um novo nome ao casamento entre pessoas do mesmo sexo não me parece que de forma alguma se ouvissem frases do género:

"Mãe, pai, olhem vou-me unir registando civilmente com o João, estamos a pensar convidar as famílias para a festa da união civil registada";

ou numa apresentação
"Este é o Pedro o meu unido civilmente registado" (aqui dava vontade de perguntar pela vacina)

e nem mesmo no mercado publicitário
"Pastelaria - Fazem-se lanches de baptizados, casamentos e uniões civis registadas".

Quero com isto mostrar que o nome que lhe derem não marcará a diferença socialmente (da mesma forma que actualmente se alguém diz estar casado com outro não se pergunta se é casado ou unido de facto) a noção de casal e de casamento no domínio da língua ocupa todas as variantes legais e religiosas que existam. Portanto se a alteração semântica não seria possível só se pode ver a tentativa de criação de uma segunda designação como uma forma implícita de discriminação e diferenciação contrária à constituição que consagra a não discriminação com base na orientação sexual.

3. Também foi apresentado o argumento de que o parlamento teria assuntos mais importante a resolver e discutir do que este assunto, no entender de alguns secundário, ora esta é uma falácia até bastante simples de desmontar. Como já referi acima a questão da igualdade de acesso ao casamento não é uma questão política obviamente que tem enquadramento político, mas transcende-o. Trata-se, isso sim de matéria de direitos, de não discriminação e de igualdade perante os mecanismos legais e sociais desta forma só existe um tempo próprio - quanto antes! - um legislador que pretenda ser ético além de justo não pode preterir ou adiar uma questão de direitos fundamentais (aliás todos os santos governos ocidentais se queixam da falta de avanço das questões dos direitos fundamentais em vários países mais orientais...). Além disso do ponto de vista puramente pragmático não é UMA sessão do parlamento dedicada ao casamento homossexual que atrasa o que quer que seja.

4. Falta por fim, e em jeito de conclusão, discutir a necessidade social e as consequências que esta abertura trará. Embora como apontam os opositores ao casamento entre homossexuais, neste único caso com razão, a larga maioria do cerca de um milhão de portugueses homossexuais não se encontre disposto a demonstrar a sua sexualidade ou mesmo não se sinta à vontade com a mesma, esta aprovação na assembleia tem, além do valor simbólico importante, o sentido de trazer para a ordem do dia a homossexualidade e as suas manifestações não será de ora em diante uma questão que se possa tentar ignorar ou tentar esconder o mundo heterossexual e em particular o universo homofóbico terá de se confrontar com a realidade de que os homossexuais existem, são iguais a qualquer outra pessoa sob qualquer prisma e acima de tudo têm o direito à sua visibilidade nos mesmos moldes que os heterossexuais. Com visibilidade não quero significar ostentação ou provocação que tal como no caso heterossexual são pouco elegantes mas cada vez mais a camada homossexual da sociedade tem as ferramentas à sua disposição para se afirmar e demonstrar toda a sua importância na sociedade e de um modo pedagógico demonstrar que nem os heterossexuais têm nada a temer da homossexualidade nem os homossexuais têm a recear em assumir a sua sexualidade nos círculos que acharem apropriados.

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O Cosme irá pronunciar-se, em jeito de "day after", por sentir que a turba anda mais equivocada do que o usual, mas depois jura que é a última vez porque já deixou de ser socrático o suficiente (ou masoquista) para encaminhar a grei no sentido da luz e do Sol já que ao que parece estão tão quentinhos na caverna (agora se calhar até já têm o Avatar em 3D e tudo... tempos modernos)