Há alguns tempos pus-me a ler "Fédon" de Platão. Apesar de ser, como todos os diálogos socráticos, uma dialéctica cheia de argumentos muito primitivos, por sua vez cheios de metafísica com 2500 anos, houve uma ideia que me chamou a atenção. Que até acho podermos interpretar num sentido mais amplo...
Na obra relata-se o dia da morte de Sócrates, enfatizando a sua aceitação da morte. Grande parte da sua argumentação a explicar o porquê disso é, a meu ver, uma caca. Os argumentos e exemplos que usa são completamente despropositados e irracionais; as perguntas retóricas manipulativas que coloca metem respostas ainda mais idiotas nas bocas dos seus discípulos, que nada mais fazem a não ser concordar com Sócrates.
No meio disso tudo surge a teoria da alternância dos opostos.
Sócrates afirma que tudo no universo nasce do seu contrário: A vida leva à morte, a morte origina a vida.
Se conhecemos, por outro lado, o significado da palavra "frio", é porque conhecemos o seu oposto para podermos estabelecer comparações: se sabemos o que é o frio, então conhecemos o quente. O frio aquece, dá lugar ao quente, o quente esfria e cria o frio.
Da mesma forma... para determinarmos, na nossa opinião, o que é o "justo", temos também de conhecer o "injusto".
A existência do "bem" tem como pre-requisito a existência do mal.
É a partir dos contrastes, em suma, que orientamos o nosso conhecimento.
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