«A Jaula e as Feras»
«Centos de doidos vivem nesse hospício
(Quem no diria, olhando cá de fora...?!)
E o Portão dança já no velho quício,
Dança, e faz entrar mais a toda a hora.
Trazem todos um sonho, um crime, um vício,
Foram imperadores longe, outrora,
E em seus rostos de espanto ou de flagício
Não sei que ausência atroz se comemora.
Faz medo e angústia olhá-los bem nos olhos;
E lá, por trás de grades e ferrolhos,
Estoiram de ansiedade desmedida.
- Meu corpo, ó hospício de alienados,
Abre-te aos meus desejos enjaulados,
Deixa-os despedaçar a minha vida!»
- José Régio
Faz medo e angústia olhá-los bem nos olhos;
E lá, por trás de grades e ferrolhos,
Estoiram de ansiedade desmedida.
- Meu corpo, ó hospício de alienados,
Abre-te aos meus desejos enjaulados,
Deixa-os despedaçar a minha vida!»
- José Régio
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