Samstag, 2. Februar 2008

De "Candide"

Ultimamente, ando a ler "Candide", de Voltaire, ou François-Marie Arouet. Já que foi uma obra escrita com todo o espírito do iluminismo, "Candide" tem uma fortíssima componente filosófica. Mas não é por isso que a obra me fascina, apesar de a filosofia transmitida ser muito interessante. O próprio estilo de Voltaire, embebido em ironia e humor, leva leitores a violentos ataques de riso 250 anos depois.
Ainda vou a meio do livro, mas posso fazer um resumo do que tem acontecido: Candide, é um jovem que vive no castelo do Barão de Thunder-ten-tronckh, que, como Voltaire escreve, é o barão mais poderoso da Vestfália, pois "o seu castelo tinha uma porta e janelas". Candide é o seu sobrinho, filho da sua irmã que se recusou casar porque o seu amado só podia provar a ascendência pura e nobre "apenas" até à sexta geração.
No castelo mora também o sábio Pangloss, que ensina a Metafisicó-teologó-cosmolonigologia, que a bela Cunegonde, a amada de Candide, encontra uma vez no jardim a dar uma lição de "física experimental" à criada. Fascinada com o que tinha visto, Cunegonde pratica o mesmo com Candide, sendo apanhados os dois na mesma altura pelo barão, que não é mais do que o pai de Cunegonde.
Candide é expulso a pontapé do paraíso e viaja, vendo os terrores da guerra, aldeias ávaras saqueadas e queimadas pelos búlgaros e aldeias búlgaras às quais os ávaros tinham dado o mesmo tratamento, e acaba por ser recrutado à força para o seu exército. Um dia, como soldado, Candide decide dar um passeio para fora do campo, é apanhado, declarado desertor e castigado com seis mil vergastadas.
Numa certa batalha, deserta mesmo e viaja para a Holanda, onde trabalha para um fabricante holandês de tapetes persas. Um dia, ao ver um pedinte a morrer na rua de sífilis, fica atónito ao saber que é na verdade Pangloss, que tinha sido infectado pela criada, que tinha sido infectada por um franciscano que tinha por sua vez recebido a sífilis de uma velha condessa. Essa devia a doença a oficial, que a devia a uma marquesa, que tinha sido infectada por um pagem que tinha sido contagiado por um jesuíta.
Depois de se tratar de Pangloss, viajam os três (Candide, Pangloss e o fabricante) para Lisboa em negócios.

E é nessa parte que eu fiquei. Como se pode ver, toda a escrita de Voltaire gira à volta do absurdo, do irónico, do sarcástico, do hilariante, da crítica. É o meu sentido de humor.

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