Samstag, 26. März 2011

Ode à Alegria


Freude, schöner Götterfunken,
Tochter aus Elysium,
Wir betreten feuertrunken,
Himmlische, dein Heiligthum!
Deine Zauber binden wieder
Was der Mode Schwert geteilt;
Alle Menschen werden Brüder,
Wo dein sanfter Flügel weilt.

Friedrich Schiller



Alegria, mais belo fulgor divino,
Filha de Elíseo,
Ébrios de fogo entramos

Em teu santuário, celeste!

Teus encantos unem novamente

O que a espada sempre separou.

Todos os homens se irmanam

Onde pairarem as tuas asas suaves.


Dienstag, 22. März 2011

Ciência, Ciência, Ciência

A CIÊNCIA, a ciência, a ciência...
Ah, como tudo é nulo e vão!
A pobreza da inteligência
Ante a riqueza da emoção!

Aquela mulher que trabalha
Como uma santa em sacrifício,
Com tanto esforço dado a ralha!
Contra o pensar, que é o meu vício!

A ciência! Como é pobre e nada!
Rico é o que alma dá e tem.


F. Pessoa

Samstag, 19. März 2011

Newton


Newton, retratado por William Blake como grande arquitecto do universo

Sonntag, 13. März 2011

"Cruelty has a human heart..."


Cruelty has a human heart,
And Jealousy a human face;
Terror the human form divine,
And secrecy the human dress.

The human dress is forged iron,
The human form a fiery forge,
The human face a furnace seal'd,
The human heart its hungry gorge.


William Blake

Mittwoch, 9. März 2011

"Memento homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteri"


Hoje, a Igreja despe-se do verde; veste-se da cor litúrgica Roxa.


Veste-se para que nos lembremos do Tempo que agora começa. É o Tempo, por excelência, da oração, do jejum, da esmola; de olharmos para nós, para a nossa relação com Deus e para a nossa relação com os outros. É o Tempo em que somos convidados a aprender e aprofundar a beleza e a riqueza da caridade, da relação fraterna, da partilha, da doação e do amor concreto.

Inicia-se o Tempo de preparação para a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. O Mistério Pascal de Cristo deve ser o nosso mistério: «morremos para o homem velho e ressuscitamos para o homem novo» (Rom 6, 1-11)

Sobre a testa dos cristãos, hoje, estará marcada uma cruz de cinzas, de pó. Ela é símbolo da vontade de mudança de vida e, principalmente, de Conversão interior; que não é, com efeito, nada mais que um voltar os olhos para Deus; numa atitude pronta para O seguir, sempre.

Simboliza, por outro lado, que somos pó, e que ao pó haveremos de voltar. Sejamos crentes ou não, esta é uma realidade que ninguém pode transpor. A condição humana é perecível e transitória neste Mundo; porém a Vida, essa: é solidificada pela Alma que permanece.

Homens mortais, homens imortais, se todos os dias podemos morrer, se cada dia nos imos chegando mais à morte, e ela a nós, não se acabe com este dia a memória da morte.

Resolução, resolução uma vez, que sem resolução nada se faz.

E para que esta resolução dure e não seja como outras, tomemos cada dia uma hora em que cuidemos bem naquela hora.
De vinte e quatro horas que tem o dia, por que se não dará uma hora à triste alma?

Disse: Agora começo (Sl 76,11). Esta é a melhor devoção e mais útil penitência, e mais agradável a Deus, que podeis fazer nesta quaresma.
Tomar uma hora cada dia, em que só com Deus e connosco cuidemos na nossa morte e na nossa vida.

E porque espero da vossa piedade e do vosso juízo que aceitareis este bom conselho, quero acabar deixando-vos quatro pontos de consideração para os quatro quartos desta hora.
Primeiro: quanto tenho vivido?
Segundo: como vivi?
Terceiro: quanto posso viver?
Quarto: como é bem que viva?

Torno a dizer para que vos fique na memória: Quanto tenho vivido? Como vivi? Quanto posso viver? Como é bem que viva?

Memento homo!

Pe. António Vieira, Roma
na Igreja de S. António dos Portugueses, Ano de 1670.

Dienstag, 1. März 2011

Does it ring the bell?



«D. Carlos (...) chamou então à chefia do governo José Dias Ferreira, "o Zarolho". (...) era um jurista famoso, lente de Coimbra e advogado de sucesso. Homem rico, graças também ao foro, foi um importante franco-maçon. Diziam-no jacobino, identificando-o com o setembrismo de esquerda. Na verdade, fora Oliveira Martins quem o empurrara para o lugar, pondo como condição, perante o Rei, a nomeação de Dias Ferreira para a chefia do Gabinete, para a sua aceitação do ministério das Finanças. O Autor de Portugal Contemporâneo apresentou um drástico programa de reformas para salvar a situação financeira: redução dos vencimentos dos funcionários públicos, aumento das contribuições industrial, predial, pessoal e sumptuária e agravamento da taxa dos rendimentos e juros de acções e obrigações. (...) Mas a situação não melhorou. Os titulares estrangeiros da dívida portuguesa pediram garantias de controlo directo de algumas receitas. Homem de carácter e inteligência superiores, Oliveira Martins enredava-se mal na política prática e dava-se pior com a intriga e a manobra, sempre necessárias nestes cargos. E não resistiu quando "o Zarolho" o curto-circuitou em matérias da sua competência. Em 28 de Maio de 1892, saiu, não muito feliz com a experiência: "emergi da cloaca ministerial" - confidenciou numa carta.»

in Jaime Nogueira Pinto, Nobre Povo, os anos da República.