Dienstag, 1. März 2011

Does it ring the bell?



«D. Carlos (...) chamou então à chefia do governo José Dias Ferreira, "o Zarolho". (...) era um jurista famoso, lente de Coimbra e advogado de sucesso. Homem rico, graças também ao foro, foi um importante franco-maçon. Diziam-no jacobino, identificando-o com o setembrismo de esquerda. Na verdade, fora Oliveira Martins quem o empurrara para o lugar, pondo como condição, perante o Rei, a nomeação de Dias Ferreira para a chefia do Gabinete, para a sua aceitação do ministério das Finanças. O Autor de Portugal Contemporâneo apresentou um drástico programa de reformas para salvar a situação financeira: redução dos vencimentos dos funcionários públicos, aumento das contribuições industrial, predial, pessoal e sumptuária e agravamento da taxa dos rendimentos e juros de acções e obrigações. (...) Mas a situação não melhorou. Os titulares estrangeiros da dívida portuguesa pediram garantias de controlo directo de algumas receitas. Homem de carácter e inteligência superiores, Oliveira Martins enredava-se mal na política prática e dava-se pior com a intriga e a manobra, sempre necessárias nestes cargos. E não resistiu quando "o Zarolho" o curto-circuitou em matérias da sua competência. Em 28 de Maio de 1892, saiu, não muito feliz com a experiência: "emergi da cloaca ministerial" - confidenciou numa carta.»

in Jaime Nogueira Pinto, Nobre Povo, os anos da República.

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