Mittwoch, 9. März 2011

"Memento homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteri"


Hoje, a Igreja despe-se do verde; veste-se da cor litúrgica Roxa.


Veste-se para que nos lembremos do Tempo que agora começa. É o Tempo, por excelência, da oração, do jejum, da esmola; de olharmos para nós, para a nossa relação com Deus e para a nossa relação com os outros. É o Tempo em que somos convidados a aprender e aprofundar a beleza e a riqueza da caridade, da relação fraterna, da partilha, da doação e do amor concreto.

Inicia-se o Tempo de preparação para a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. O Mistério Pascal de Cristo deve ser o nosso mistério: «morremos para o homem velho e ressuscitamos para o homem novo» (Rom 6, 1-11)

Sobre a testa dos cristãos, hoje, estará marcada uma cruz de cinzas, de pó. Ela é símbolo da vontade de mudança de vida e, principalmente, de Conversão interior; que não é, com efeito, nada mais que um voltar os olhos para Deus; numa atitude pronta para O seguir, sempre.

Simboliza, por outro lado, que somos pó, e que ao pó haveremos de voltar. Sejamos crentes ou não, esta é uma realidade que ninguém pode transpor. A condição humana é perecível e transitória neste Mundo; porém a Vida, essa: é solidificada pela Alma que permanece.

Homens mortais, homens imortais, se todos os dias podemos morrer, se cada dia nos imos chegando mais à morte, e ela a nós, não se acabe com este dia a memória da morte.

Resolução, resolução uma vez, que sem resolução nada se faz.

E para que esta resolução dure e não seja como outras, tomemos cada dia uma hora em que cuidemos bem naquela hora.
De vinte e quatro horas que tem o dia, por que se não dará uma hora à triste alma?

Disse: Agora começo (Sl 76,11). Esta é a melhor devoção e mais útil penitência, e mais agradável a Deus, que podeis fazer nesta quaresma.
Tomar uma hora cada dia, em que só com Deus e connosco cuidemos na nossa morte e na nossa vida.

E porque espero da vossa piedade e do vosso juízo que aceitareis este bom conselho, quero acabar deixando-vos quatro pontos de consideração para os quatro quartos desta hora.
Primeiro: quanto tenho vivido?
Segundo: como vivi?
Terceiro: quanto posso viver?
Quarto: como é bem que viva?

Torno a dizer para que vos fique na memória: Quanto tenho vivido? Como vivi? Quanto posso viver? Como é bem que viva?

Memento homo!

Pe. António Vieira, Roma
na Igreja de S. António dos Portugueses, Ano de 1670.

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