A Luz
A Cidade chorava nuvens baças
Que rugiam nos céus surdos e cegos;
Cegos rezávamos, como morcegos;
Procurávamos a Luz, como traças,
Perguntando onde estava a Deus, que é mudo.
Pensei que as nuvens O tinham calado;
Que me responderia noutro lado...
Fugi da Cidade; fugi de tudo!...
Procurando a Luz, fugi para longe,
E junto a montanhas, no seu sopé,
Quis encontrar as respostas na fé;
E para falar com Deus, fiz-me monge.
Tranquei-me numa escura e dura cela,
Rezei nela, tão rígida e tão fria...
Rezei, mas Ele não me respondia,
À Luz silenciosa de uma vela...
Fugi do mosteiro e do seu negrume,
Onde Deus não me brilhava respostas.
Procurando a Luz, subi as encostas
Das montanhas, até alcançar seu cume.
Lá meditei na branca solidão
Sem que Deus me ditasse mandamentos.
Só ouvi o sopro sussurrado dos ventos
E o vago bater do meu coração...
Rafael Silveira Neves
05/2008
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