Mote
Ele viu a Alma da Vida,
Adormecida no trono,
E acordou-a do seu sono
C'um beijo de despedida.
Adormecida no trono,
E acordou-a do seu sono
C'um beijo de despedida.
Glosa
Ansiando dançar nos ventos
E cantar até estar rouco,
Um dia um poeta louco
Afogou-se em pensamentos.
E andou na estrada tecida
A partir dos sonhos do Homem;
E nas luzes que o consomem
Ele viu a Alma da Vida.
E cantar até estar rouco,
Um dia um poeta louco
Afogou-se em pensamentos.
E andou na estrada tecida
A partir dos sonhos do Homem;
E nas luzes que o consomem
Ele viu a Alma da Vida.
Colheu rosas de cristal
- de cristalizado amor -
Para depor no fulgor
Da Torre celestial
De mudos muros de sono,
Onde pelos sonhos vela
Sua Guardiã, tão bela,
Adormecida no trono.
Da Torre celestial
De mudos muros de sono,
Onde pelos sonhos vela
Sua Guardiã, tão bela,
Adormecida no trono.
Nos doces olhos fechados
Encerrava a luz dos céus;
E o poeta viu que eram seus
Os sonhos que eram guardados.
Vendo o Anjo e o seu abandono,
Quis cantar aos ventos, rouco,
Que a amava e que era louco,
Encerrava a luz dos céus;
E o poeta viu que eram seus
Os sonhos que eram guardados.
Vendo o Anjo e o seu abandono,
Quis cantar aos ventos, rouco,
Que a amava e que era louco,
E acordou-a do seu sono.
«Eu sou o Sonho, a Alma da Vida,
Vagueio, em sono profundo.
Eu sou a poesia do Mundo;
Luz do dia - anoitecida;
Eu sou a poesia do Mundo;
Luz do dia - anoitecida;
E a tua noite - amanhecida.»
Disse, sorrindo, a Guardiã.
E sumiu-se, - até à manhã,
E sumiu-se, - até à manhã,
C'um beijo de despedida.
Filipe Bastos
5 Kommentare:
Como te disse ontem, não o conseguia sentir tal era o meu desnorteio. Hoje os meus olhos são outros mas este poema, só o sinto pela metade. Sonhei com o Mote mas depois de percorrer a glosa, tendo ansiado dançar nos ventos, cantar até estar rouco e sempre me afogar nos pensamentos nunca caminhei em estrada alguma tecida de sonhos. Vi a alma da vida e colhi rosas de cristal mas não encontrei a torre celestial e parti as rosas no caminho e assim me perdi, cortado pelos estilhaços das minhas puras rosas. O resto do poema não passa de uma estranheza para mim embora conheça o anjo e o seu abandono e me despeça sempre com um beijo de despedida. Terei acordado do meu sono?
São cortes superficiais que se curam.
Se tens dificuldades em encontrar a Torre e a estrada de sonhos, usa a bússola. Essa aponta sempre para o norte, para o «Ele viu...». Assim, não te perdes nessa imensidão vã de nadas.
Hás-de encontrar o teu caminho para casa.
Acredita meu caro, infelizmente o meu norte magnético oscila de segundo a segundo pelo que nunca sei onde é o norte. Aliás, nem me mexo. Já me pisei demasiadas linhas.
E quem te disse que o Norte está parado?
Eu disse o contrário, mas peço uma frequência mais razoável. Na realidade nem norte existe.
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