«Soneto à República
Res publica que estás tão graciosa,
Com a boca mui húmida e venenosa.
Nunca mais tapes teus belos tetos;
Quem te beija bebe cem mil cianetos.
Toda a tua linha é bela, harmoniosa,
Sente-se o deslizar sábio da prosa.
Tentarão derrubar-te por decretos,
Mas nem com um punho de projectos.
Oh, maldita coroa, aqui repousas só,
Não voltarás a reinar neste laranjal.
Reis e tiranos que não mereceis dó:
Curvai-vos perante este novo ideal,
O vosso não passa agora de simples pó.
Viva a República, viva este Portugal!»
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Júlio Afonso Rato (1875-1947)
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