Senhoras e Senhores,
sendo certo que raramente nesta casa enveredamos pelos sombrios e perversos caminhos do deboche, aqui temos um poema de elevada qualidade poética de Manuel Maria Barbosa du Bocage - e uma jóia da sua obra burlesca. Até as percepções mais susceptíveis se sentirão, seguramente, tentadas a rir um pouco.
"A Água"
Meus senhores eu sou a água
que lava a cara, que lava os olhos
que lava a rata e os entrefolhos
que lava a nabiça e os agriões
que lava a piça e os colhões
que lava as damas e o que está vago
pois lava as mamas e por onde cago.
Meus senhores aqui está a água
que rega a salsa e o rabanete
que lava a língua a quem faz minete
que lava o chibo mesmo da raspa
tira o cheiro a bacalhau rasca
que bebe o homem, que bebe o cão
que lava a cona e o berbigão.
Meus senhores aqui está a água
que lava os olhos e os grelinhos
que lava a cona e os paninhos
que lava o sangue das grandes lutas
que lava sérias e lava putas
apaga o lume e o borralho
e que lava as guelras ao caralho.
Meus senhores aqui está a água
que rega rosas e manjericos
que lava o bidé, que lava penicos
tira mau cheiro das algibeiras
dá de beber ás fressureiras
lava a tromba a qualquer fantoche
e lava a boca depois de um broche.
5 Kommentare:
Ai ai Filipinho eu sou burlesco mas mais delicado tás aqui tás a levar com Verlaine e depois queixas-te
Vês que quando te portas mal todos te chamam assim..Filipinho?...
não me portei mal... o poema é de inegável qualidade literária!
Deixa-te disso, sabes bem o que quero dizer..Mas eu até gosto de Bocage.
je n'aime pas
Kommentar veröffentlichen